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sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Proteção do Complexo Dentinopulpar

 

Proteção do Complexo Dentinopulpar
Complexo Dentinopulpar

A evolução dos materiais adesivos e técnicas proporcionaram a confecção de preparos cavitários mais conservadores, os quais associados à técnica adesiva, contribuem para a preservação da estrutura dentária, selamento dos túbulos dentinários, manutenção da vitalidade pulpar, prevenção da microinfiltração e sensibilidade pós operatória.
Assim, a proteção pulpar pode ser alcançada por meio de várias estratégias, de modo que o plano de tratamento é baseado no biótipo do paciente, no defeito a ser restaurado e no material e técnicas a serem empregados.
Fatores associados a injúria do tecido pulpar: presença de microorganismos no complexo dentinopulpar; exposição de túbulos dentinários não selados; preparos cavitários profundos; desidratação da dentina; e geração de calor.
As técnicas e materiais empregados na proteção do complexo devem auxiliar na prevenção da microinfiltração, no selamento dos túbulos dentinários, no isolamento térmico, químico e físico do tecido pulpar, no estímulo à regeneração pulpar e na redução da sensibilidade pós-operatória.
Caracterização do Complexo Dentinopulpar
A dentina é um tecido com características únicas completamente distintas do tecido pulpar. No entanto ambos são originados da mesma estrutura embriológica e permanecem intimamente relacionados durante o desenvolvimento e toda a vida funcional do dente.
Desse modo, dentina e tecido pulpar são mais apropriadamente abordados como uma estrutura integrada, denominada complexo dentinopulpar. Todas as injúrias impostas à dentina repercutem instantaneamente ao tecido pulpar, o qual é responsável direto pelas alterações fisiológicas resultantes naquele tecido.
A dentina é um tecido mineralizado, avascular, permeado por túbulos e intrinsicamente úmido. Sua composição básica tem sido descrita como sendo 70% em peso de componentes inorgânicos, principalmente cristais de apatita, 20% em componentes orgânicos, predominando o colágeno do tipo I, e 10% em água, representada pela composição do fluido no interior dos túbulos dentinários.
Os túbulos dentinários convergem à medida que caminham para a superfície da câmara coronária, e como conseqüência, sua densidade e orientação variam em função da distância em relação à superfície da câmara coronária. Essa característica é considerada fator decisivo da escolha do material de proteção indireta do complexo dentinopulpar no que diz respeito à sua biocompatibilidade. Em outras palavras, um mesmo material forrador pode ser indicado e considerado biocompatível, se aplicado em cavidades rasas ou de média profundidade, porém apresenta efeitos tóxicos altamente indesejáveis, se aplicado em cavidades profundas ou diretamente sobre o tecido pulpar.
A polpa dental é um tecido conjuntivo frouxo, ricamente vascularizado e inervado. Em sua periferia (junção entre polpa e pré-dentina), localizam-se os odontoblastos, que são células especializadas responsáveis pela síntese dos diferentes tipos de dentina. O tecido pulpar é formado por 75% de água e 25% de matéria orgânica (células e matriz extracelular).
Mecanismos de defesa do complexo dentinopulpar

São três os mecanismos de defesa frente a agressões de origem mecânica, química, térmica ou biológica:

1 – Inflamação e resposta humoral;
2 – Deposição de dentina intratubular;
3 -  Deposição de dentina terciária;
Todos esses eventos tem como objetivo a manutenção da vitalidade do tecido, especificamente dos odontoblastos, os quais são as primeiras células sensibilizadas pelo agente agressor.
A formação de uma dentina terciária,  representa também um mecanismo de defesa do complexo. Desde que a intensidade da agressão não culmine com a morte celular, a dentina terciária depositada é denominada de dentina reacional.
Caso a intensidade da agressão exceda a capacidade adaptativa e de resposta defensiva dos odontoblastos primários, eles sofrem morte celular e entram em processo de degeneração. Como parte do processo de cura do tecido conjuntivo, essas células são repostas por células mesenquimais indiferenciadas induzidas a sofrerem diferenciação em novos odontoblastos, então denominadas de células odontoblastoides ou odontoblastos secundários. As primeiras camadas de matriz dentinária depositadas por essas células constituem um tecido amorfo e atubular denominado de dentina reparadora.
Proteção dentinopulpar orientada pela espessura de dentina remanescente

Cavidades rasas e de média profundidade não requerem especial atenção quanto à proteção do complexo dentinopulpar, uma vez que a dentina remanescente apresenta espessura suficiente para proteger o tecido pulpar contra agressões advindas da química dos materiais utilizados. Entretanto, essas cavidades necessitam ser protegidas quanto ao risco de microinfiltração marginal e conseqüente invasão antimicrobiana, bem como pela necessidade de selamento dos túbulos dentinários.

Já em cavidades profundas, representa um maior desafio a manutenção da integridade do tecido pulpar, já que a espessura da dentina favorece a difusão de componentes químicos dos materiais forradores, os quais podem ser tóxicos as células pulpares, interferindo negativamente ou impedindo o processo de reparo.
Capeamento indireto:

A academia americana de Odontopediatria define o tratamento pulpar indireto como a remoção incompleta da dentina cariada com o intuito de evitar a exposição do tecido pulpar concomitantemente ao tratamento do tecido cariado com o material biocompativel.
Em outras palavras, o tratamento pulpar indireto é um procedimento terapêutico que consiste na remoção de tecido infectado e necrosado, mantendo somente a camada de dentina que fica no fundo da cavidade e que, mesmo desmineralizada, ainda possui vitalidade. (Remoção da dentina infectada, mantendo a dentina afetada)
A remoção da dentina cariada em duas etapas, também chamada de tratamento expectante, tem sido sugerida com a finalidade de evitar a exposição pulpar, culminando em resultados terapêuticos favoráveis. Consiste, pois, na remoção superficial de dentina cariada na primeira consulta e na remoção final após diferentes intervalos de tempo.
Proteção Direta

Também denominada capeaamento pulpar, esta técnica consiste em proteger a exposição ou ferida pulpar por meio de substâncias biologicamente compatíveis com a polpa e que ajudam a cicatrizar, preservando a vitalidade pulpar.
Tal medida está indicada nos casos de exposição acidental da polpa durante a remoção da dentina cariada e preparo da cavidade, principalmente em dentes jovens.
Curetagem

A curetagem consiste na estrita remoção da polpa patológica, enquanto o resto da polpa permanece intacta e recoberta por material biológico.
Pulpotomia

Técnica com maiores índices de sucesso entre os tratamentos conservadores da polpa. Trata-se de remover a polpa coronária em sua totalidade com curetas afiadas para, então, cobrir a polpa radicular com material biocompativel.
Esta técnica é indicada em dentes jovens decíduos e permanentes, principalmente antes do término da formação apical.
Materiais de proteção do complexo dentinopulpar

Materiais: verniz cavitário, hidróxido de cálcio, cimentos de ionômero de vidro e hibridização dentária (condicionamento ácido e aplicação do sistema adesivo).
Requisitos para um agente de proteção ideal:
Promover isolamento térmico e elétrico; apresentar efeito antimicrobiano; apresentar adesividade às estruturas dentárias; ser biocompatível e estimular as funções biológicas da polpa, de modo a favorecer a formação de dentina reacional/reparadora; apresentar efeito remineralizante e contribuir para a dentinogênese; preservar a vitalidade da polpa e dos demais tecidos dentários; não provocar alteração de cor e solubilidade do material em frente à exposição aos fluidos bucais; e prevenir a infiltração microbiana na margem das restaurações.
Existem 3 Grupos  de agentes de proteção dentinopulpar designados para: selamento, forramento e base.

Selamento: Os materiais para selamento apresentam-se na forma líquida, sendo aplicados sobre as paredes de cavidades rasas e médias, onde se observa grande espessura de dentina remanescente e a formação de películas de até 0,05 mm. Esse grupo de materiais é representado por vernizes e sistemas adesivos.
Bases: Os materiais empregados na confecção de bases têm apresentação comercial, geralmente, na forma de pó e líquido, os quais, após manipulação, adquirem consistência espessa sendo aplicados em camadas superiores a 1 mm. As bases representadas principalmente pelos cimentos de ionômero de vidro, servem de infraestrutura para restaurações definitivas de cavidades médias a profundas, nas quais se observa espessura média de dentina entre 0,5 a 1,5 mm.
Marca comercial de ionômero de vidro.

Forradores: Os forradores são empregados nas regiões mais profundas de cavidades classificadas como muito profundas, nas quais a espessura do remanescente de dentina é igual ou inferior a 0,5mm, sendo necessária a aplicação de um material protetor entre a base e o tecido dentinário. São considerados forradores os cimentos e pastas de hidróxido de cálcio e o MTA, e a espessura de sua aplicação é de aproximadamente 0,5mm.


Segundo Ritter e Swift Jr. 
Os materiais de proteção podem ser genericamente classificados em forradores, bases, vernizes, selantes e adesivos dentinários.

Forradores:

Os materiais forradores (linners) são materiais fluidos, empregados em fina camada, em regiões de pequena espessura de dentina remanescente (0,5 mm). São utilizados no selamento dos túbulos dentinários, na redução da permeabilidade dentinária e para a proteção dos efeitos tóxicos do material restaurador. Os principais representantes desse grupo são os cimentos de hidróxido de cálcio e os cimentos de ionômero de vidro utilizados para forramento.

Bases: 

As bases são materiais mais resistentes e menos fluidos, aplicados sobre uma maior espessura de dentina remanescente (1,0 mm) ou sobre materiais forradores.
Sua principal função é o isolamento mecânico, físico, térmico, químico e elétrico do tecido pulpar, de modo a proporcionar um preparo cavitário ideal para cavidades profundas.
Os materiais que podem atuar como base são os cimentos de ionômero de vidro (convencional e reforçado por resina), os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol (convencional e reforçado por resina) e os cimentos de policarboxilato e fosfato de zinco.
Vernizes cavitários:

São obtidos de resinas sintéticas ou naturais suspensas em solventes orgânicos, os quais foram utilizados durante muitos anos para o selamento de túbulos dentinários em restaurações de amálgama e confecção de coroas totais. No entanto, a literatura tem demonstrado que a evolução dos materiais e técnicas , que proporcionaram a redução dos produtos de corrosão, e os avanços da Odontologia adesiva tornaram o uso dos vernizes obsoleto.

Selantes:
Devido ao alto poder de escoamento, os selantes podem ser utilizados em substituição aos vernizes cavitários, quando da prevenção da infiltração marginal. Entretanto, ao investigar a indicação de materiais de proteção do complexo dentinopulpar por especialistas brasileiros da Dentística, Takanashi e colaboradores não identificaram os selantes como material indicado para este fim.

Sistemas adesivos:

Esse material, empregado na hibridização da dentina e adesão aos materiais restauradores resinosos, adquire importância na proteção do complexo dentinopulpar ao contribuir para o selamento dos túbulos dentinários, retenção do material restaurador e prevenção de infiltração bacteriana.

Verniz

O verniz a base de copal foi utilizado durante muitos anos, com o objetivo de contribuir para o selamento da interface amálgama-dente, até a formação de produtos de corrosão que preenchessem esse microespaço. Assim era esperado que o verniz atuasse de modo a impedir a penetração de substâncias corantes e/ou de agentes irritantes provenientes dos materiais restauradores ou cimentantes.
O príncipio que preconizava a utilização do verniz cavitário em restaurações de amálgama considerava que a solubilidade desse material fazia com que ele fosse substituído pelos produtos de corrosão do amálgama que selam a interface. Entretanto diversos estudos demonstram que o verniz cavitário é ineficiente como agente protetor do complexo dentinopulpar, especialmente nos casos em que se verifica a utilização de ligas com baixo teor de produtos de corrosão.
A literatura comprovou que a utilização do verniz cavitário favoreceu a microinfiltração marginal e não contribuiu para a proteção do complexo dentinopulpar, sendo demonstrado que o forramento com CIV é mais eficaz em prevenir microinfiltração.
Além de ser um fraco isolante térmico, o verniz é altamente solúvel e não cobre uniformemente a dentina. Assim, a sua utilização, como protetor da interface dente-restauração, tornou-se obsoleta.
Baratieri e colaboradores destacaram que as ligas ricas em cobre não apresentam a fase gama-2 em quantidade significativa, ocorrendo baixa corrosão. Desse modo, a literatura considera que outro mecanismo de vedamento marginal, ou simplesmente a ausência de selamento, deve ser empregado nas retaurações de amálgama.

Selantes

Os selantes são materiais resinosos compostos por hidroximetil-metacrilato (HEMA) associados, ou não, a agentes microbianos e dessensibilizantes (clorexidina e glutaraldeído), os quais podem ser empregados no condicionamento de restaurações diretas e indiretas, selamento de margens, pequenas fraturas e fendas.
Porém a literatura ainda é escassa quanto à utilização desse material com fins de proteção do complexo dentinopulpar e prevenção de infiltração marginal.
Hibridização Dentária (Condicionamento ácido + Sistema adesivo)

As técnicas de restauração adesiva e hibridização dos tecidos duros contribuem para a proteção pulpar, ao viabilizar a preservação da estrutura dentária e a manutenção da interface dente-restauração livre de microrganismos. Outro aspecto considerado satisfatório à proteção do órgão pulpar é o isolamento térmico e eletrolítico, selamento dos túbulos dentinários e adequada adaptação às paredes da cavidade.
Ao avaliar a adaptação de materiais de proteção do complexo dentinopulpar, Peliz, Duarte e Dinelli identificaram que a hibridização da dentina (condicionamento ácido seguido pela aplicação do sistema adesivo) favoreceu a redução da microinfiltração marginal, especialmente quando comparada com a proteção com o CIV e cimento de hidróxido de cálcio. Esse efeito foi observado mesmo em cavidades com elevado fator C, nas quais a utilização do sistema adesivo contribuiu para a redução do número de fendas. No entanto, apesar das propriedades mecânicas satisfatórias, esses monômero causam efeitos irreversíveis ao metabolismo celular, representados por reações inflamatórias, irritativas e necrose tecidual.
Conforme discutido por Huang e Colaboradores, os monômeros resinosos dos sistemas adesivos apresentam a habilidade de se difundir ao longo dos túbulos dentinários e atingir os tecidos pulpares em concentrações diretamente proporcionais aos seus pesos moleculares. Destaca-se também que, mesmo considerando a pressão intrapulpar, esses materiais têm o potencial de causar agressões aos tecidos biológicos, de modo que a permeabilidade da dentina e a proximidade com a polpa devem ser fatores investigados quando da proteção do complexo dentinopulpar.
Os agentes adesivos liberam a canforoquinona, um fotoiniciador e fotossensibilizador, largamente utilizado no processo de polimerização das resinas compostas e na geração de radicais livres, incluindo o oxigênio nascente.
A literatura descreveu que a canforoquinona não atua exclusivamente como agente citotóxico, mas também como mutagênico. Os autores verificaram que sua lixiviação pode explicar parcialmente como esses produtos resinosos são considerados agentes tóxicos. Assim, o tempo decorrido entre a aplicação e a polimerização do sistema adesivo também interfere no efeito tóxico a polpa, traduzido pela difusão de monômeros e canforoquinona.
Apesar dos efeitos tóxicos ao tecido pulpar observados por vários estudos, algumas pesquisas têm sugerido que os sistemas adesivos podem ser utilizados no campeamento pulpar direto, produzindo efeitos semelhantes ao hidróxido de cálcio. Entretanto, o uso desses materiais como proteção a ser aplicada diretamente sobre a polpa é controverso e contraria as evidências que comprovam a citotoxidade dos monômeros resinosos e os seus efeitos danosos aos tecidos pulpares.
Conforme discutido por Modena e colaboradores, os estudos que defendem a proteção pulpar direta pelo uso de sistemas adesivos são suportados pela hipótese de que a regeneração pulpar é alcançada a partir do controle da hemorragia e do selamento hermético da cavidade contra a infecção microbiana. No entanto, a literatura observa que existem diferenças marcantes entre a resposta da polpa frente a procedimentos de capeamento que utilizam os sistemas adesivos e aqueles que fazem uso do hidróxido de cálcio ou MTA. O tipo de resposta inflamatória e a qualidade de regeneração tecidual observada para formação de dentina e reparo da camada de odontoblastos são mais eficientes quando do capeamento direto por hidróxido de cálcio ou MTA.
Ao avaliar a influência da espessura remanescente de dentina na resposta inflamatória pulpar, Murray e colaboradores identificaram que os danos ao tecido pulpar são evitados diante da maior espessura do remanescente dentinário (acima de 0,5mm) e da utilização de material protetor que estimule a formação de dentina reacional (hidróxido de cálcio). Assim, nos casos de restauração de cavidades profundas ou muito profundas, recomenda-se o uso de materiais protetores derivados de hidróxido de cálcio (forradores) e cimento de ionômero de vidro (bases), de modo a evitar a difusão de monômeros resinosos e a geração de possíveis efeitos tóxicos ao tecido pulpar. Para cavidades médias e rasas, a hibridização (ataque ácido + sistema adesivo) ainda desempenha papel importante na retenção do material restaurador, selamento de túbulos dentinários, prevenção de microinfiltração e isolamento químico, térmico e mecânico.
Cimento de Ionômero de Video (CIV)

Os cimentos de ionômero de vidro (CIVs) foram desenvolvidos por Wilson e Kent em 1971 e introduzidos no mercado na década de 70. A sua popularidade é associada ao fato de esse material apresentar muitas propriedades importantes, a exemplo da liberação e recarga de flúor, coeficiente de expansão térmica e módulo de elasticidade semelhante a dentina, biocompatibilidade e adesividade ao esmalte e a dentina.
São encontrados no mercado diferentes variações dos CIVs, indicados para forramentos, confecção de bases, restaurações e cimentação, os quais variam em composição e viscosidade de acordo com a função designada para uso clínico.
O CIV pode ser aplicado como material restaurador provisório nos tratamentos expectantes e como base para restaurações definitivas.
Apesar das vantagens inerentes desse material, a literatura descreve que os CIVs convencionais são susceptíveis à desidratação, apresentam alto grau de solubilidade e degradação, possuem propriedades mecânicas insatisfatórias, longo tempo de presa e provocam alteração de coloração dos compósitos empregados como material restaurador definitivo.
Com o objetivo de suprir as limitações do CIV convencional, foi desenvolvido o CIV modificado por resina (CIVMR), onde foram incorporados monômeros polimerizáveis aquosos, (HEMA), que favoreceu as propriedades mecânicas desse material. Entretanto como foi mencionado na sessão sobre hibridização, a incorporação de monômeros resinosos (HEMA) produziu o aumento do seu efeito tóxico, quando comparado ao CIV convencional.
Os CIV e seus derivados apresentam ação antimicrobiana, adesividade e biocompatibilidade aos tecidos dentários, sendo indicados para a proteção indireta do complexo dentinopulpar.
Nos casos que se verifica a necessidade de construção de restaurações provisórias, ou base para restaurações, com maior resistência mecânica, sobre maior espessura de dentina remanescente, os CIVMRs são mais indicados que o CIV convencional.
Cimento de Óxido de Zinco e Eugenol (OZE)

O cimento de óxido de zinco e eugenol é utilizado no selamento provisório de cavidades e como base de restaurações definitivas. Esse material foi utilizado durante vários anos pela sua capacidade de diminuir ou eliminar a sensibilidade pós-operatória com a difusão do eugenol pelos túbulos dentinários que possuem conexão com o tecido pulpar. Apesar de proporcionar um excelente isolamento térmico, não é suficientemente forte para suportar condensação do amálgama em situações de grande stresse, possuindo desse modo, propriedades mecânicas insatisfatórias.
Na tentativa de favorecer a resistência mecânica desse material, foi desenvolvido o cimento de óxido de zinco e eugenol reforçado por resina, representado pelas marcas comerciais Zoer IRM e IRM.
Entretanto Pires-deSouza, Contente e Casemiro demonstraram que o cimento de OZE reforçado por resina favoreceu a microinfiltração marginal de restaurações provisórias após a realização de ensaio de envelhecimento in vitro (termoreciclagem). Os mesmo autores consideram fundamental a proteção superficial das restaurações provisórias, visto que a infiltração marginal constitui agressão aos tecidos biológicos, uma vez que favorecerá a penetração de microrganismos, a recidiva de cárie e a sensibilidade pós-operatória.
Estudo mostrou que o cimento de OZE pode causar uma reação inflamatória crônica na polpa antes da formação de dentina reparadora, e que esse material poderia interferir na ação dos sistemas adesivos, especialmente devido a presença do eugenol em sua composição. Outro aspecto importante é a sua elevada solubilidade e baixa estabilidade no meio bucal, o que leva à desintegração da matriz e microinfiltração marginal, prejudiciais aos tecidos dentais. Portanto, devido às propriedades inerentes deste material, o cimento de óxido de zinco e eugenol é pouco indicado para proteção do complexo dentinopulpar.
Hidróxido de Cálcio

O hidróxido de cálcio continua sendo o material de proteção pulpar mais aceito na prática odontológica, pelo seu baixo custo, ação antibacteriana e biocompatibilidade.
A ação do hidróxido de cálcio sobre o tecido pulpar é representada pelo estímulo à formação de uma barreira tecidual mineralizada. Segundo Estrela e Holland, a capacidade de estimular a remineralização, associada à efetividade antimicrobiana, confere sucesso obtido pelo hidróxido de cálcio em sua aplicação na endodontia e na proteção do complexo dentinopulpar.
A utilização clínica do hidróxido de cálcio pode se dar por duas formas em pó (Pró-Análise – P.A.), pasta ou cimento, a depender da situação clínica a ser tratada. Segundo Reis e Loguércio, o hidróxido de cálcio P.A. é empregado nos casos de proteção direta do tecido pulpar, na qual se objetiva a estimulação das células odontoblásticas e mesenquimais para formação de barreira tecidual mineralizada na região exposta (dentinogênese), associada ao controle da inflamação, redução do pH e eliminação de microrganismos invasores. Por outro lado, a pasta e o cimento de hidróxido de cálcio são empregados na proteção indireta do complexo dentinopulpar. O seu efeito é observado a distância, com os mesmos resultados esperados para proteção direta.
Conforme discutido por Estrela e Holland, o hidróxido de cálcio é uma excelente opção terapêutica quando a situação clínica exige a realização de proteção pulpar direta (capeamento pulpar) ou a aplicação de medicação intracanal. Dessa forma, são considerados os efeitos biológicos, traduzidos pela biocompatibilidade e indução da dentinogênese, bem como o efeito antimicrobiano, representado pela inibição da atividade de microrganismos.
A resposta de polpas dentárias humanas após a pulpotomia parcial com dois produtos à base de hidróxido de cálcio foi avaliada por Subay e colaboradores, os quais confirmaram que o efeito histológico de cimentos de hidróxido de cálcio aplicado sobre a polpa resulta em completa cicatrização dos tecidos pulpares e formação de barreira tecidual mineralizada de dentina. Segundo Subay et al. a utilização do cimento Dycal em procedimentos de proteção direta contribui para a recuperação tecidual, formação de ponte de dentina e exclusão de infiltrado bacteriano.
Ao avaliarem o efeito, em longo prazo, de capeamentos pulpares diretos e o respectivo desfecho de tratamento com hidróxido de cálcio, Dammaschke, Leidinger e Schafer identificaram que 80,2% dos dentes tratados apresentaram desfecho favorável. A melhor resposta pulpar foi observada em indivíduos com idade inferior a 40 anos, tecido pulpar clinicamente saudável (ausência de dor espontânea) e nos dentes em que se aplicaram restaurações de CIV. Conforme discutido pela literatura, a proteção direta do tecido pulpar com hidróxido de cálcio viabiliza a maior sobrevida. Esse tratamento é indicado para dentes com tecido pulpar exposto e clinicamente saudável.
Agregado Trióxido Mineral (MTA)

O agregado trióxido mineral (MTA) foi desenvolvido pela University of Loma Linda (USA) para selar a comunicação entre o sistema de canais radiculares e a superfície externa em todos os níveis. Recentemente, tem sido usado com o material para capeamento pulpar direto e para o tratamento da perfuração acidental da dentina, porém sua maior limitação é o alto custo.
Estudos tem demonstrado que o MTA apresenta composição semelhante ao cimento Portland (utilizado na construção civil), na qual se verifica a presença de compostos minerais a exemplo de óxido de silício, óxido de alumínio, óxido de cálcio, silicato dicálcico, sulfato de cálcio diidratado e óxido de bismuto, este último responsável pela radiopacidade do material. As diferenças identificadas entre o cimento Portland e o MTA se encontram na forma das partículas (menores e uniformes para o MTA) e na presença do óxido de bismuto, localizado no MTA. Entretanto ainda são escassos os estudos que comparam a ação desses dois materiais e verificam suas implicações clínicas.
Entre as propriedades do MTA, destacam-se: biocompatibilidade, ótima capacidade de selamento, efeito antibacteriano, ausência de potencial mutagênico, baixa citotoxicidade, estíbulo a formação de tecido mineralizado e estímulo à regeneração tecidual do periodonto. O estudo de Queiroz e colaboradores demonstrou que, diante do capeamento pulpar direto, o MTA e o hidróxido de cálcio apresentaram resposta similar aos tecidos pulpares e periapicais. Assim, o MTA consiste em um material de adequado desempenho para a realização de procedimento de proteção dentinopulpar.
Nair e colaboradores realizaram um ensaio clínico randomizado e controlado para avaliação histológica, ultraestrutural e qualitativa da resposta pulpar humana em frente ao capeamento experimental com MTA e cimento á base de hidróxido de cálcio Dycal. Os elementos dentários (terceiros molares) de indivíduos voluntários sofreram pulpotomia iatrogênica e foram tratados com MTA ou cimendo de hidróxido de cálcio (Dycal), para posterior avaliação após uma semana, um mês e três meses de tratamento. Conforme exposto por Nair e colaboradores, o tratamento com MTA foi mais eficaz que o HC na recuperação tecidual, em todos os tempos analisados. O tratamento com MTA resultou em menor grau de inflamação, maior estímulo à regeneração tecidual e maior neoformação de dentina mineralizada.
Dessa forma, verifica-se, de acordo com os trabalhos estudados nesta revisão, que o tratamento com MTA, ou produtos equivalentes, obteve resultados mais satisfatórios que o hidróxido de cálcio, devendo ser o material de escolha para os procedimentos de proteção pulpar direta. No entanto mais estudos prospectivos e de acompanhamento longitudinal são necessários, de modo a confirmar a eficácia e a efetividade desse material na proteção do complexo dentinopulpar.

Conclusão

Conforme discutido nesta investigação , os materiais de proteção devem apresentar atividade antimicrobiana, proporcionar efeito remineralizante, prevenir a microinfiltração marginal, selar túbulos dentinários, promover isolamento térmico, químico e elétrico, ser biologicamente compatível, estimular a recuperação do tecido pulpar e contribuir para a neoformação de dentina.

Núcleos - restauração com núcleos fundidos, preparo do remanescente, princípios mecânicos

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NÚCLEOS

Os núcleos intra-radiculares ou de preenchimento estão indicados em dentes que apresentam-se com a coroa clínica com certo grau de destruição e que necessitam tratamento com prótese. Deste modo, as características anatômicas da coroa clínica são recuperadas, conferindo ao dente preparado condições biomecânicas para manter a prótese em função por um período de tempo razoável.
As técnicas e os materiais utilizados para reparar a anatomia dentária variam de acordo com o grau de destruição da porção coronária e se o dente apresenta ou não vitalidade pulpar.

Dentes Polpados:

Uma regra básica é que, existindo aproximadamente a metade da estrutura coronária, de preferência envolvendo o terço cervical do dente, pois é essa região responsável pela retenção friccional da coroa, o restante da coroa pode ser restaurada com material de preenchimento, usando meios adicionais de retenção através de pinos rosqueáveis em dentina.




Os materiais que melhor desempenham a função de repor a estrutura dentinária perdida na porção coronária de um dente preparado são as resinas compostas, os ionômeros de vidro, e a combinação de ambos, os chamados compômeros.

Quando após o preparo da estrutura coronária remanescente chegar-se a conclusão que não existe estrutura suficiente para resistir às forças mastigatórias, com o risco de ocorrerem fraturas no material de preenchimento, deve-se realizar o tratamento endodôntico.

Dentes Despolpados:

Restauração com núcleos Fundidos:Nos casos de grande destruição coronária, indica-se o uso de núcleo metálicos fundidos.

Preparo do Remanescente Coronário:
Remove-se o cimento temporário contido na câmara pulpar até a entrada do conduto. É muito importante que se preserve o máximo de estrutura dental para manter a resistência do dente e aumentar a retenção da prótese.

Após eliminar as retenções da câmara pulpar, as paredes da coroa preparada devem apresentar uma base de sustentação para o núcleo, com espessura mínima de 1 mm.

É nesta base que as forças são dirigidas para a raiz do dente, minimizando as tensões que se formam na interface núcleo metálico/raiz, principalmente na região apical do núcleo.

Quando não existe estrutura coronária suficiente para propiciar essa base de sustentação, as forças que incidem sobre o núcleo são direcionadas no sentido oblíquo, tornando a raiz mais suscetível à fratura.



Nesses casos, deve-se preparar uma caixa no interior da raiz com aproximadamente 2mm de profundidade para criar-se uma base de sustentação para o núcleo e assim direcionar as forças no sentido vertical. 

Essas pequenas caixas não devem enfraquecer a raiz nessa região e, portanto, só podem ser confeccionadas quando a raiz apresentar estrutura suficiente.

Essas caixa quando confeccionadas também irão atuar como elementos anti-rotacionais.



Preparo Do Conduto:


Existem 4 fatores que devem ser analisados para propiciar retenção adequanda ao núcleo intra-radicular:

1: Comprimento;
2: Inclinação das paredes;
3: Diâmetro;
4: Característica superficial.


Comprimento: Deve ser igual ou maior que a coroa clínica.

Como regra geral, o comprimento do pino intra-radicular deve atingir 2/3 do comprimento total do remanescente dental, embora o meio mais seguro, principalmente naqueles dentes que tenham sofrido perda óssea, é ter o pino no comprimento equivalente à metade do suporte ósseo da raiz envolvida.

O comprimento adequado do pino no interior da raiz proporciona uma distribuição mais uniforme das forças oclusais ao longo da raiz diminuindo a concentração de estresse, e fratura.

O comprimento do pino deve ser analisado com uma radiografia periapical e levar em consideração a quantidade mínima de 4mm de material obturador que deve ser deixada na região apical do conduto radicular para garantir vedamento efetivo nessa região.







Inclinação das paredes do conduto:Os núcleos intra-radiculares com paredes inclinadas, além de apresentarem menor retenção que os de paredes paralelas também desenvolvem maior concentração de força em suas paredes, podendo gerar efeito de cunha, e consequentemente, desenvolver fratura.

Diâmetro do pino:Quanto maior o diâmetro do pino, maior será a sua retenção e resistência porém, deve ser considerado também o possível enfraquecimento da raiz remanescente. Em vista disto, têm sido sugerido que o diâmetro do pino deve apresentar 1/3 do diâmetro total da raiz e que a espessura de dentina deve ser maior na face vestibular dos dentes anteriores superiores, devido a incidência de força ser maior neste sentido.



Clinicamente, o diâmetro do pino deve ser determinado comparando-se através de uma radiografia o diâmetro da broca com o do conduto.

Para que o metal utilizado apresente resistência satisfatória, é indispensável que tenha pelo menos 1mm de diâmetro na sua extremidade apical.

Característica superficial do pino intra-radicular:Para aumentar a retenção de núcleos fundidos que apresentam superfícies lisas, estas podem ser tornadas irregulares ou rugosas antes da cimentação, usando-se brocas ou jato de alumínio.

PREPARO DO CONDUTO:
A remoção do material obturador é feito com brocas de Gates, Peeso ou Largo, de diâmetro apropriado ao do conduto.

Deve-se considerar deixar no mínimo 4 mm de material obturador no ápice do conduto para garantir selamento efetivo na região.

Para dentes multirradiculares: com condutos paralelos, não é necessário que o preparo dos condutos apresente o mesmo comprimento. Somente o de maior diâmetro é levado à sua extensão máxima,  ex: 2/3, e o outro apenas até a metade do comprimento total da raiz-coroa remanescente.

Como os condutos são paralelos, pode-se ter o núcleo com os 2 pinos unidos pela base, que se comportam como dispositivos anti-rotacionais; assim não é necessário o alargamento e ovalamento dos condutos, buscando-se atingir o diâmetro mínimo (1mm) para que a liga metálica mantenha suas características de resistência, evintando assim desgaste desnecessário de dentina.

Dentes como os pré-molares superiores, que podem apresentar divergência das raízes, devem ter seu conduto mais volumoso preparado na extensão convencional (2/3) e o outro preparado parcialmente apenas com o objetivo de conferir estabilidade, funcionando como dispositivo anti-rotacional.

Nos dentes multirradiculares superiores com condutos divergentes e que apresentam remanescente coronário, prepara-se o conduto palatino até 2/3 da sua extensão, e um dos vestibulares até sua metade (o mais volumoso deles) e o outro terá apenas parte de sua embocadura preparada. Esta metade do núcleo se encaixará na porção palatina através de sistemas de encaixes.  

Somente na ausência total do remanescente coronário, deve-se preparar os 3 condutos divergentes. Consequentemente, o núcleo resultante deverá ser confeccionado em 3 partes distintas.

Preparo de núcleo em dente com raizes divergentes.

Os molares inferiores geralmente apresentam sua raiz mesial com condutos paralelos ou ligeiramente divergentes e raramente exigem divisão do núcleo em mais que 2 segmentos, pois podem ser tornados paralelos através do preparo.

Resumo do livro "Prótese Fixa - Luiz Fernando Pegoraro"

domingo, 14 de julho de 2019

Resumo Medicação Intracanal

VIII – MEDICAÇÃO INTRACANAL 
 8.1 Introdução 
 Diversas situações clínicas exigem o emprego de medicação intra canal. Na endodontia, tais medicamentos 
 deverão permanecer ativos durante todo o período entre as consultas do tratamento endodôntico. Esta 
 característica se torna fundamental quando se pensa em casos de processo infeccioso enquanto que diante das 
 polpas vivas esta característica não é tão importante. Objetivos: combater microorganismos, ajudar na 
 desinfecção das áreas não atingidas pelo preparo do canal, moderar a inflamação (biopulpectomia), 
 estimular a reparação, promover a neutralização dos produtos tóxicos. 
 
 • Colocados na cavidade pulpar entre as sessões operatórias – NUNCA APÓS A OBTURAÇÃO. 
 • Fases do tratamento: 
 
 o Químico-mecânico: 
 � Instrumentos;
� Soluções irrigadoras; 
 � Medicação intracanal (necrose – principalmente); 
 
 • Principalmente depois da instrumentação, pois depois de instrumentado o 
 medicamento irá neutralizar a região que está com os microorganismos. 
 
 � Obturação. 
 
 8.1.1 Objetivos 
 Um medicamento pode ser aplicado no interior do sistema de canais radiculares pelas seguintes razões: 
 
 • Eliminar micro-organismos que sobreviveram ao preparo químico-mecânico; 
 • Impedir a proliferação de micro-organismos que sobreviveram ao preparo químico-mecânico; 
 • Atuar como barreira físico-química contra a infecção ou reinfecção por micro-organismos da saliva; 
 • Reduzir a inflamação perirradicular e consequente sintomatologia; 
 • Controlar exsudação persistente; 
 • Solubilizar matéria orgânica; 
 • Neutralizar produtos tóxicos; 
 • Controlar reabsorção dentária inflamatória externa; 
 • Estimular a reparação por tecido mineralizado. 
 
 8.1.2 Propriedades ideais 
 Propriedades ideais da medicação intracanal: antimicrobiana, anti-inflamatória, estimular o reparo tecidual, 
 prevenir ou reduzir a dor, não ser irritante aos tecidos, difusibilidade através da dentina, começar a agir 
 rapidamente, longa ação, agir na presença de restos de matéria orgânica, solúvel em água, uso prático, não 
 manchar os dentes e tecidos moles, baixo custo, tempo de validade prolongado. 
 
 8.1.3 Tipos de medicamentos 
 • Voláteis: atuam à distância (sem contato direto com a região); 
 • Cremosos (agem por contato direto); 
 • Líquidos (atuam por contato direto); 
 
 8.1.4 Emprego da medicação intra-canal 
 • Medicação preparatória – toda aquela que iremos utilizar antes de instrumentar apical – tempo mais 
 
 curto de atuação 24-48h; 
 • Medicação de demora: depende do estado patológico da polpa e tempo da medicação intra-canal no 
 
 canal, FAE do tratamento endodôntico.         

    • O uso de determinado medicamento intra-canal deverá respeitar o tipo de característica apresentado 
 pela polpa, sendo classificado em: 
 
 o Polpa viva – biopulpectomia; 
 � Medicação preparatória (otosporin, clorexidina a 2%, hipoclorito de sódio); 
 � Medicação de demora (hidróxido de cálcio). 
 
 o Polpa morta – necropulpectomia. 
 � Medicação preparatória (formocresol); 
 � Medicação de demora (PMCC (p-monoclorofenal canforado), Clorexidina a 2%, 
 
 Hidróxido de cálcio (é o favorito) 
 
 8.2 Polpa viva – biopulpectomia 
 Geralmente, a infecção em dentes com vitalidade pulpar está restrita à superfície da polpa coronária exposta, 
 sendo que a radicular se encontra apenas inflamada, isenta de microorganismos. Isso porque os mecanismos 
 de defesa do hospedeiro, conquanto a polpa se encontre vital, impedem o avanço da infecção em direção 
 apical. Esse fato se reveste de importância clínica, no que se refera à conduta terapêutica em dentes com polpa 
 vital. Uma vez eliminada a infecção superficial da polpa através da profusa irrigação da câmara pulpar com 
 solução de Hipoclorito de sódio, todos os procedimentos intracanais serão realizados em ambiente asséptico, 
 não infectado. Quando indicados nas biopulpectomias, os medicamentos intracanais recomendados são uma 
 solução de corticoesteroide/antibiótico (ostoporin ou decadron colírio) ou as pastas de hidróxido de cálcio. 
 
 • Infecção, se pré-existente, não é importante; 
 • Maior problema é a inflamação; 
 • Manutenção da cadeia asséptica; 
 
 o A medicação precisa ter algum componente que mantenha o canal estéril, não pode ser 
 passível de proliferação microbiana. 
 
 • Tratamento em única sessão se possível; 
 • Preocupação com a moldagem; 
 • Integridade da região periapical; 
 • Manutenção da cadeia asséptica; 
 • Polpa viva: 
 
 o Preservação da vitalidade da região periapical. 
 o Estimular a reparação com formação de tecido mineralizado; 
 o Auxiliar no controle da cadeia asséptica; 
 o Impedir a contaminação; 
 o Alívio da dor; 
 o Anti-inflamatória; 
 o Solubilizar matéria orgânica; 
 
 8.2.1 Objetivos da biopulpectomia 
 Modular a inflamação do coto periodontal e tecidos das ramificações do sistema de canais. Prevenir dor pós-
 operatória, evitar contaminação pela restauração provisória, favorecer o reparo apical, ajudar na secagem do 
 canal. 
 
 8.2.2 Medicação preparatória: 
 o Alívio da dor em casos de urgências; 
 o Falta de tempo para executar o preparo do canal; 
 o Neutralizar produtos tóxicos presentes em casos de polpa mortificada;           

o As principais medicações preparatórias utilizadas são: OTOSORIN, CLOREXIDINA 
 2% E HIPOCLORITO; 
 
 o Otosporin (ou decadron colírio): 
 � Medicação preparatória em casos de polpa viva; 
 � Hidrocortisona (antiinflamatório); 
 � Sulfato de neomicina (antibiótico); 
 � Sulfato de polimixina B; 
 � É utilizado para reduzir a inflamação do remanescente pulpar, que poderia resultar em 
 
 sintomatologia até o retorno do paciente para completa instrumentação. Esse 
 medicamento pode ser acondicionado em tubetes de anestésicos vazios, o que facilita 
 sua aplicação no canal radicular com o auxílio de uma seringa do tipo carpule e 
 agulha G30; 
 
 � Também empregamos o otosporin nos casos de uma sobreinstrumentação ou em 
 casos de periodontite apical aguda de etiologia traumática ou química, mas não 
 infecciosa. 
 
 8.2.3 Medicação de demora 
 • Polpa viva: 
 
 o Preservar a vitalidade do coto pulpar; moderar a inflamação e dor, favorecer a reparação, 
 combater o microorganismo – para que o coto pulpar estimule um selamento biológico do 
 forame radicular pelo cemento. 
 
 o Medicamentos: ostoporin (medicação preparatória), hidróxido de cálcio (de demora). 
 
 8.2.4 Sequência técnica da BIO: 
 • Anestesia; 
 • Abertura coronária; 
 • Isolamento absoluto; 
 • Irrigação-aspiração com hipoclorito de sódio; 
 • Remoção da polpa coronária; 
 • Exploração (biopulpectomia); 
 • Hemostasia; 
 • Aplicação da medicação intra-canal – Otosporin ou NDP na câmara coronária; 
 
 o Coloca o otosporin em um pote dapen, inunda o canal e sela com uma bolinha de algodão 
 estéril. 
 
 • Selamento provisório. 
 
 8.3 Polpa necrótica – necropulpectomia 
 
 Após o preparo químico-mecânico de canais radiculares infectados (casos de necrose pulpar ou de 
 retratamento), impõe-se o emprego de um medicamento intracanal vidando maximizar a eliminação de micro-
 organismos. Todavia, é imperioso que se remova a smear layer com objetivo de desobstruir o acesso às 
 ramificações e aos túbulos dentinários e, com isso, facilitar a difusão e atuação do medicamento. 
 
 • Dente despolpado está infectado; 
 • A infecção é o problema principal – gangrena pulpar; 
 • Dificuldade em se estabelecer se há necrose asséptica; 
 • Presença de bactérias e metabólitos – endotoxinas (Gram-negativas); 
 • Deve ser executado a limpeza e modelagem do conduto radicular;           

 o A alta atividade antimicrobiana. Propriedades analgésicas, antiinflamatórias e antimicrobianas. 
 
 8.3.1 Objetivos: 
 • Eliminar remanescentes microbianos do preparo biomecânico; 
 • Modular inflamação dos tecidos periapicais; 
 • Fixar conteúdo inerte do canal; 
 • Neutralizar debris teciduais; 
 • Agir como barreira contra inflamação da restauração provisória; 
 • Ajudar a secar exsudato persistente no canal. 
 • Como escolher a medicação? 
 
 o Ação por contato: paramonoclorofenol conoforado (PMCC), otosporin, hidróxido de 
 cálcio, clorexidina, hipoclorito; 
 
 o Ação à distância: tricresol formalina (formocresol); 
 
 8.3.2 Medicação preparatória 
 • Formocresol 
 
 o Pode serchamado de tricresol formalina também, todavia a diferença entre um e outro está na 
 concentração de formalina. Formocresol (19 a 43%) e tricresol formalina (em torno de 90%); 
 
 o Germicida potente; 
 o Ação neutralizadora e de fixação celular; 
 o Efetivo bactericida contra os microorgansmos anaeróbios; 
 o Formaldeído e cresol – gás produzido pela incompleta combustão do metanol, é solúvel em 
 
 água, com solução na concentração aquosa de aproximadamente 38 a 40% de formaldeído em 
  peso, chamado formalina; 
 
 � Formalina possui ação antimicrobiana através da ação aquilante sobre proteínas e 
 ácidos nucleicos do microorganismo. 
 
 o Substância altamente irritante aos tecidos vivos – por causa da formalina; 
 o Citotóxicos, mutagênicos e carcinogênicos. 
 o Neutralização de produtos tóxicos. 
 
 8.3.3 Sequência técnica 
 • Anestesia; 
 • Abertura coronária; 
 • Isolamento absoluto; 
 • Exploração do canal radicular por terços; 
 • Irrigação-aspiração com hipoclorito de sódio; 
 • Secagem do canal com cone de papel absorvente; 
 • Preencher a câmara pulpar com clorexidina gel 2% ou hipoclorito de sódio 2,5%; 
 • Bolinha de algodão estéril com formocresol; 
 • Selamento provisóio. 
 
 8.3.4 Medicação de demora 
 • Polpa mortificada: 
 
 o Manter saneamento; 
 o Combater microorganismos; 
 o Favorecer reparação. 
 o Medicamentos: PMCC, Clorexidina, Hidróxido de cálcio (é o favorito)         


    8.3.4.1 Características dos medicamentos de demora 
 
 • Paramonoclorofenal canforado (PMCC) 
 o Introduzido em 1929; 
 o Utilizado por mais de 70 anos; 
 o Bactericida; 
 o Extremamente citotóxico; 
 o Baixa tensão superficial e elevada penetrabilidade; 
 o Não neutraliza produtos tóxicos; 
 o Grande odor e sabor; 
 o Não atua no LPS (lipopolissacarideos) bacteriano. 
 
 • Clorexidina 
 o Alta substantividade: associado a um veículo de liberação controlada pode ser utilizado até 7 
 
 dias dentro do canal radicular diminuindo significantemente o número de microorganismos; 
 o Ação antimicrobiana imediata; 
 o Amplo espectro antimicrobiano sobre bactérias gram-positivas, gram-negativas, anaeróbias 
 
 facultativas, aeróbias, leveduras e fungos; 
 o Ausência de toxicidade; 
 o Capacidade de absorção pela dentina e lenta liberação de substancia ativa; 
 o Necessita de mais pesquisas. 
 
 � TÉCNICA DE USO DA Clorexidina – FOR Unicamp 
 • Clorexidina a 2% em Gel de natrosol (hidroxi etil celulose); 
 • Aplicar com seringa no canal; 
 • Cuidado importante: a associação de NaOCl + Clorexidina resulta em um 
 
 precipitado que pode pigmentar dentes e raízes – paracloranilina. 
 
 • Hidróxido de cálcio 
 o SEMPRE DEPOIS DE INSTRUMENTAR O CONDUTO; 
 o Pó branco, alcalino (pH 12,8), inodoro e pouco solúvel em água; 
 o Apresentação em pó branco, fino, inodoro e alcalino; 
 o Propriedades: 
 
 � Alcalinidade (alta ação antimicrobiana); 
 � Bactericidade; 
 � Antiexsudativo; 
 � Indutor de calcificação; 
 � Inibidor de reabsorção – impede a reabsorção óssea durante a lesão periapical. 
 
 o Veículos: 
 � Uma vez que se encontra em forma de pó, o hidróxido de cálcio deve ser associado a 
 
 uma outra substância que permita sua veiculação para o interior do sistema de canais 
 radiculares. Idealmente, os veículos devem possibilitar a dissociação iônica do 
 hidróxido de cálcio em íons cálcio e hidroxila, uma vez que suas propriedades são 
 dependentes de tal dissociação. Essa dissociação poderá ocorrer de diferentes formas, 
 grau e intensidade, dependendo de outras substâncias que entram na composição da 
 pasta. 
 
 � Aquosos: dissociação extramamente rápida, havendo mais difusão e contato com 
 tecidos e microorganismos; 
 
 • Ex: água destilada, soro fisiológico, solução anestésica; 
 
 User
 Realce
 
 User
 Realce      


    � Viscosos: dissociação mais lenta; 
 • Ex: glicerina, polietilenoglicol e propilenoglicol; 
 
 � Oleoso: óleo de oliva 
 • Diferença entre aquoso e oleoso: dissociação no veiculo aquoso é mais rápida 
 
 (dos íons cálcio hidroxila ....) Quando quero liberação mais lenta colocamos 
 um veículo viscoso. 
 
 � Inertes (só servem pra que haja dissociação em íons de cálcio hidroxila): água 
 destilada, soro fisiológico, as soluções anestésicas, solução de metilcelulose, óleo de 
 oliva, glicerina, politilenoglicol, propilenoglicol, natrosol; 
 
 � Biologicamente atibvos: PMCC (com hidróxido de cálcio) a clorexidina e o iodeto 
 de potássio iodetado; 
 
 Veículo Tempo de ação 
 Água destilada 48h a 7 dias 
 Propileno glicol Em torno de 21 dias 
 Óleo de oliva Em torno de 6 meses 
 
 o Colocação das pastas de hidróxido de cálcio 
 � Movimentos de vai e vém; 
 � Instrumentos endodônticos; 
 � Lentulo (sentido horário); 
 � Sistema Calen – seringa + agulha 27 G longa 
 
 o Modo de inserção: 
 � Lentulo: inserir entrando 3mm aquém ao comprimento real de trabalho 
 � Limas: entrar no comprimento real de trabalho; 
 
 o Calen (indicada para casos de necropulpectomia) 
 � Hidroxido de cálcio PA 2,5g; 
 � Oxido de zinco 1g; 
 � Colofôna 0,05g; 
 � Polietileno glicol 400 – 1,75 ml; 
 
 o Técnica – emprego da pasta de hidróxido de cálcio 
 � Canal radicular modelado; 
 � Aplicação de EDTA; 
 � Secagem do canal; 
 � Selamento duplo hidróxido de cálcio, bolinha, guta-percha – cimento provisório. 
 
 CANAL BIOPULPECTOMIA NECROPULPECTOMIA 
 Totalmente instrumentado Obturação 
 
 Hidróxido de Cálcio 
 Cloreidina Gel 
 
 Hidróxido de cálcio + PMCC 
 Clorexidina Gel 
 
 Parcialmente intrumentado Algodão estéril 
 Otosporin 
 
 Tricresol formalina 
 Hipoclorito de sódio 2 a 2,5% 
 
 
 
 8.4 Selamento Coronário 
 • Polpa viva 
 
 o Canal parcialmente instrumentado: 
 � Algodão estéril + otosporin. 
 
 o Canal completamente instrumentado:           

    � Algodão estéril; 
 � Hidróxido de cálcio + veículo. 
 
 • Polpa morta: 
 o Canal não instrumentado: 
 
 � Algodão estéril com tricresol formalina ou; 
 � Hipoclorito de sódio 2 a 2,5% inundando os canais radiculares. 
 
 o Canal totalmente instrumentado: 
 � Hidróxido de Cálcio + P-monoclorofenal + Veículo; 
 � Remoção da smear layer (EDTA 5 minutos); 
 � Remoção do EDTA com hipoclorito de sódio 2 a 2,5%; 
 � Remoção do hipoclorito de sódio com soro fisiológico; 
 � Preenchimento dos canais com pasta de hidróxido de cálcio + P-monoclorofenal ou 
 
 HIPG. 
 
 8.4.1 Pasta para selamento 
 • Necrose pulpar: H (substância principal) I(radiopasidade) P (aumentar atividade antimicrobiana) G 
 
 (veículo); 
 o Pasta com hidróxido de cálcio (H), iodofórmio (I), P-monoclorofenal (P) e glicerina (G) 
 
 • Pó: 3 partes de hidróxido de cálcio P.A. + 1 parte de iodofórmio: 
 • Líquido: glicerina + PMCC em partes iguais; 
 • Lentulo (sentido horário) e coloca no conduto; 
 • Bola de algodão; 
 • Guta percha em bastão; 
 • Cotosol por cima; 
 • Radiografar. 
 • Informações do HIPG: 
 
 o Da radiopacidade a aumenta as prop antibaterianas da MIC, casos persistentes, lesões 
 refratarias, ppossivel resposta alérgica 
 
 o Causa escurecimento dental por causa do iodofórmio 
 • Sequência técnica de aplicação da HIPG: 
 
 o Aplicação de pasta medicamentosa com espiral lentulho (pra direita): 
 o Verificar se o motor de baixa rotação está girado à direita; 
 o Introduzinr a lentulo no canal com o motor desligado; 
 o Profundidade aproximadamente 3 mm da região apical; 
 o Acionar o pedal da baixa rotação. 
 
 • “Durante ot tratamento devem ser empregadas substancias que irão combater não somente a 
 infecção remanescente na luz e paredes do canal radicular, mas principalmente aquela situada 
 profunda e difusamente pela estrutura do dente. Áreas estasinacessíveis ao preparo biomecânico e 
 ao sistema de defesa do organismo”. 
 
 • Não pega em biofilme bacteriano – não é sempre. 
 8.4.2 Material selador provisório 
 
 • Cavidads pequenas: tempo curto 
 o Bioplic – fotopolimerizável; 
 o Cotosol: presa com umidade;